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Saiba por que a revolução não é apenas digital
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O sociólogo americano, Daniel Bell, escreveu importantes obras como O Advento da Sociedade Pós-Industrial, de 1973, que já tinha uma previsão do que poderia acontecer nas próximas décadas e de que as mudanças que aconteceriam seriam semelhantes ao que ocorreu na Revolução Industrial.
O surgimento de novas tecnologias disruptivas como a inteligência artificial (IA), nuvem (cloud computing), big data, machine learning, blockchain, internet das coisas (IoT), entre outras, têm influenciado uma série de mudanças em processos em muitas empresas. Mas o que muitas pessoas ainda não entenderam é que a revolução não é apenas digital.
No mundo dos negócios, as muitas transformações impostas pelo cenário digital não devem ser compreendidas como meramente tecnológicas, mas organizacionais. O que posso afirmar em relação a esse tema é que essas transformações refletem sobre a cultura da empresa, sobre as relações humanas e sobre as novas responsabilidades que recaem sobre o fator humano em um negócio.
Revolução não é apenas digital – Fator humano em destaque
Com o tanto de transformações que a era digital nos impôs, vivemos durante muito tempo à mercê do tecnocentrismo (tecnologia como centro das reflexões e transformações), mas o que muda hoje com toda essa evolução é que o ser humano volta a assumir o lugar de protagonismo, como prioridade na maioria dos processos.
As sociedades, ainda de uma maneira sutil, têm percebido a importância da imposição de limites às empresas que têm a tecnologia como fator primordial. Hoje se fala muito na privacidade de dados e na sensação que muitas pessoas têm de que suas vidas não pertencem apenas a si mesmas.
O que está mudando nessa revolução digital que está acontecendo, chegando à etapa 6.0, é que quem ditará o processo dessa revolução digital seremos nós humanos. Está chegando o momento de finalmente colocar em prática aquilo que sempre se falou, de que o ser humano tem o poder sobre a tecnologia, sobre a máquina.
Essa revolução não é apenas digital e está além da tão reverenciada Inteligência Artificial (IA), que conforme avança, deixa claro que a ideia é que as interações se darão principalmente entre máquina e máquina, sendo os seres humanos, coadjuvantes nesse processo.
Ian Person, é conhecido como futurólogo britânico e, em 2013, lançou mais uma de suas ‘profecias’, de que conforme as máquinas fossem se aperfeiçoando eliminando assim boa parte das tarefas no ambiente de trabalho, se tornaria uma necessidade o desempenho das habilidades humanas relacionadas ao cuidar, como a realização de avaliações de desempenho, trabalho junto a equipes, no direcionamento e liderança.
Person acredita que a revolução digital impõe uma mudança importante na qual se migra de uma economia com foco no intelecto para uma economia cuja prioridade são as habilidades humanas.
Acredito muito no poder transformador da tecnologia e em tudo de positivo que ela trouxe e tem trazido ao mundo, mas ainda acho que os seres humanos representam a peça fundamental para que os avanços continuem e para que sejam realmente positivos.
As máquinas não trabalham sozinhas, há uma ‘interface’ humana por trás delas ditando as regras, e não o contrário. A revolução não é apenas digital porque tem perpassado as relações humanas. Acredito em uma interação entre e digital e humano que poderá ampliar os avanços tecnológicos para uma dimensão social, em que a consciência humanitária terá um papel muito importante.
Sobre o autor: Adriano Nodari é consultor sênior da Nodari Consultoria. Uma de suas especializações é MBA em Finanças pelo IBMEC. Já atuou como gestor em indústrias de automação bancária e ergonômica. Presta consultoria a pequenas, médias e grandes empresas.